quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Uma grande dúvida - Como é difícil ser mãe...

Este pode ser um post polêmico.
Mas como estou com as idéias tão confusas, acho que desabafar aqui pode ajudar a colocá-las em ordem, e sempre pode ter alguém de fora com uma perspectiva diferente.

Tudo começou no Carnaval. A escola da Clarissa faz uma festinha de carnaval todo ano, eu acho legal, ela vai fantasiadinha, sem problemas. Mas ela voltou cantando aquela bendita música do Michel Teló, "Ai se eu te pego". Pra piorar, depois de uns dias, ela falou que também sabia a dancinha da bendita da música.

Aqui é preciso um parêntese:
Eu simplesmente ODEIO essa música. O ritmo até que é bacana, é um forró, é gostoso. Porém, a letra... Bem, qualquer mulher que se preze e tenha um pouquinho de dignidade, deveria ficar horrorizada com essa letra. É ofensiva, é baixa, não tem nada poético, nada de bom, nada!


Bom, eu engoli a raiva, expliquei pra Clarissa que a música é feia, que ela não deveria cantar, e como ela é um amor de filhinha, ela nunca mais cantou, pelo menos perto de mim.
Depois de um tempo, ela chega cantando aquela outra maravilha da música nacional que é "Eu quero tchu, eu quero tchá"

Outro parêntese:
Aqui em casa a gente não ouve nada desse tipo. O que eu escuto dessas músicas eventualmente, é dentro de ônibus, porque infelizmente as pessoas não tem educação e agora existe essa mania de ouvir música sem fone de ouvido no meio da rua.
A gente tenta sempre mostrar para a Clarissa as coisas boas. A Clarissa gosta de Beatles, de Caetano, de Norah Jones. Então, se ela canta essas músicas, ela só pode ter ouvido na escola, porque a rotina dela é casa - escola. Ela é pequena, e não fica solta por aí.

De novo expliquei pra ela que a música é feia, mas fiquei p da vida. Morrendo de raiva da escola permitir que os alunos cantassem essas coisas lá dentro. Mas deixei pra lá de novo.


Então, chegamos na época de começarem os ensaios da dança pra festa junina. Eu adoro, fico empolgada pra comprar vestidinho pra Cla, arrumá-la, enfim, eu curto muito.
Então, uma bela segunda-feira, ela chega e fala:
 - Mamãe, hoje a gente ensaiou para a festa junina!
E eu toda animada, pergunto qual a música que eles tinham ensaiado. E ela começa a cantarolar o bendito "tche-tcherere-tche-tche".

Daí eu surtei. Fiz o que não deveria nunca ter feito na frente dela, me descabelei e soltei o verbo. Que onde já se viu, que não podia ser, e vocês podem imaginar o meu estado.
Mandei bilhete pra professora, e ela disse que não, que não tinham ainda decidido qual a música que eles iam ensaiar. Depois fiquei sabendo que, naquele dia, eles tinham tocado várias músicas, para decidirem qual seria usada no ensaio. De qualquer forma, a música foi tocada dentro da escola.

Mais um parêntese:
Mas por que, você irá me perguntar, eu estou tão preocupada com isso?
Gente, escola é escola. Eu tive a opinião de algumas pessoas, de que eu estava super protegendo a minha filha, que não tem como eu escondê-la do mundo, ocultar como é a vida lá fora. Concordo, até certo ponto. A Clarissa ouvir uma música dessas em algum lugar, onde eventualmente toque, é compreensível. O que é inadmissível, para mim, é que ela ouça DENTRO da escola, um lugar onde a cultura deve ser mostrada para as crianças. Tanta coisa boa que temos dentro desse Brasil imenso, cheio de regionalidades, pra que cair em algo de gosto tão duvidoso?



Eu pago a escola da minha filha para que ela tenha uma boa educação, uma das minhas grandes preocupações é que ela tenha acesso à uma boa educação, à cultura de qualidade. Tanto nos esforçamos para isso, que a Clarissa começou a ler espontaneamente aos 3 anos e meio. Eu sempre incentivei comprando os livrinhos, letrinhas de E.V.A., e o pai dela brincando de juntar as letrinhas, brincando de escolinha com ela. Um belo dia a baixinha sai lendo, e a gente quase morre do coração. Ou seja, a cabecinha tá pronta pra aprender de tudo, então porque ensinar o que é ruim na escola?

Bem, depois que eu tive uma reação tão ruim com a música do "ensaio", a Clarissa desistiu de dançar. Eu sei que foi por minha culpa, que eu não deveria ter me expressado da forma como fiz na frente dela, mas depois não tinha mais jeito.
Eu me conformei de que ela não ia dançar esse ano, e achei até melhor.
Mas, como ela vai pra escola todos os dias, ela via os ensaios dos amiguinhos. E aprendeu a coreografia e a música que foi finalmente escolhida. E um outro belo dia, eu tive uma outra surpresa. Eles estavam ensaiando essa música aqui:


Tá Combinado
João Neto & Frederico
Tá pra nascer
Alguém que me prenda
E me faça mudar
Vai se acostumando
É meu jeito de amar

É
Porque sou viciado
Num rabo de saia
Não adianta fazer cara feia,
Emburrar, fala sério
Eu não sou de ninguém
E não pense que eu vou te escutar
Pois seria burrice abrir mão de um harém

Se você acha que eu não vou pra balada
E que o meu dilema é ficar dentro de casa
Pirou, você não sabe nada, sem moral

Refrão
Tá combinado
O bicho vai pegar
Tá combinado
Já vou sair com meus amigos
Vai rolar um movimento
Isso é problema meu
Se der saudade
O problema é seu

Precisa explicar essa letra horrorosa? E a Clarissa, que nem ia dançar, ouvindo isso todo santo dia!
Pedi uma reunião na escola.
Daí a dona da escola quis participar da reunião, e foi aí que o problema realmente surgiu.
Apesar de ela dizer que para o próximo ano eles tomariam mais cuidado com as músicas, ela não deu o braço a torcer, achou que a letra não tinha nada demais. Fez um baita sermão de como eu deveria levar a minha vida, e misturou as coisas com a religião dela (ela é evangélica. Eu não tenho nada com a opção religiosa de ninguém, mas ela não deveria misturar a administração da escola com a religião escolhida para a vida pessoal dela).
Eu e meu marido saímos muito mal da reunião. Decidimos que íamos mudar a Clarissa de escola, principalmente porque a diretora está sempre presente nas atividades diárias da escola, e a filosofia pedagógica dela é pelo medo, pela ameaça.
Apesar de eu perguntar mil vezes pra Clarissa, ela disse que a Vó (que é como eles chamam  a tal senhora) nunca ficou brava com ela, até pega ela no colo, mas fica brava sim com outros amiguinhos.

Essa imagem que ficou pra mim da diretora é exatamente o oposto que eu tenho de todo o restante da escola. E é por isso que agora bateu a dúvida e eu estou numa indecisão cruel, sem saber se eu devo realmente mudá-la de escola. E preciso decidir logo, visto que a rematrícula está chegando.


O que pesa de positivo para eu deixá-la na escola:

- As professoras e monitoras são extremamente amorosas e dedicadas;
- Eu me sinto super segura com essa escola. A Clarissa está lá desde os 2 anos, e já me acostumei com o jeito da escola;
- O método pedagógico é do jeito que eu gosto (não é construtivista, método que eu não gosto porque muitas vezes é mal aplicado);
- A Clarissa está totalmente adaptada, adora as tias e os amiguinhos e não quer mudar;
- Tirando essa história das músicas, nunca tive nenhum problema com a escola.


Eu estou nessa dúvida e pode parecer uma grande bobagem, mas uma decisão minha pode afetar a vida inteira dessa pessoinha que está crescendo. Eu posso tomar uma decisão baseada num momento de forte emoção, e prejudicar a vida da minha filha. E no final de tudo, é ela quem importa.
Eu estou inclinada a não mudar a escola. Mas sempre ficarei com a dúvida se fiz a escolha certa. Mas acho que em toda escolha, nunca temos certeza mesmo se a que escolhemos é a melhor, não?

Quando eu tiver decidido, eu conto aqui.
Beijocas!

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